Pular para o conteúdo principal

Pra aonde ela foi?

 


É estranho ás vezes sentir saudade da menina ingênua que morreu aos 30

É estranho sentir vergonha de como ela era e se portava

É estranho ver toda aquela magreza e rosto que só se via dentes

É estranho ver como ela se explicava e justificava.


É estranho sentir alegria e pena dela

É estranho saber que a vida dela iria mudar para sempre

É estranho que ela pensava que estava dando a volta por cima

É estranho saber que ela sorria para fotos e chorava escondida.


É estranho sentir também repulsa

É estranho saber que dentro dela também existia uma luta

É estranho como ela ajudava quem precisava de cura

É estranho saber que era ela quem precisava de ajuda.


É estranho tentar resgatar um pouco dela e não conseguir

É estranho não saber usar o lado bom que ela fazia sorrir

É estranho querer matar quem nasceu depois dela

É estranho lembrar que ela precisa esquecer ela.


É estranho sentir raiva de quem ela se tornou

É estranho saber que alguém a ama e ela se sente um horror

É estranho os quilos a mais e o rosto de bolacha

É estranho pensar que ela não entra mais naquela calça.


É estranho que ela pensa que estão rindo da cara dela

É estranho ver amigos falando nela

É estranho saber que nem tudo é do jeito que ela pensa

É estranho ela saber o motivo da mudança e não perder a cabeça.


É estranho que ela não se explica mais

É estranho que ela não dá mais sinais

É estranho que agora ela não é meiga

É estranho que muita das vezes ela se enfureça.


É estranho ela não gostar do que se tornou

É estranho ela entender o amor e a dor

É estranho ela correr de si mesma 

É estranho ela ter no peito tantas certezas.


Brasil, 03 de abril de 2025.

Susanne de Andrade


Comentários

As mais visitadas

Inquitude

  Mais uma vez aquele momento da vida: tomar decisões. Isso me tira o sono e me deixa em um grau de ansiedade muita das vezes, sufocante. De fato, para mim, tomar decisões nunca foi uma tarefa fácil, pois nunca saberei de fato qual será a consequência decorrente da determinada escolha feita. Acredito que o medo do fracasso ou do sentimento de escolha errada, revela essa angústia. Ah, mas coloque nas mãos de Deus... Se fosse algo simples, no qual eu depositasse todas as minhas aflições e acordasse com as respostas estampadas em meu nariz no dia seguinte... Oportunidades. Elas vêm e vão. Oportunidades. Buscamos e rejeitamos. Escolhas. Escolher querer ou escolher deixar passar? As decisões tomadas podem nos colocar em rumos completamente diferentes no qual estamos no estado presente, e na inquietude do tique-taque do relógio mental, reforça a voz que na cabeça assola e grita e apressa e chora, atormenta, desola, apavora. Ok, mas e agora? Brasil, 28 de julho de 2024.