Pular para o conteúdo principal

Mana, pega o cachorro.




Ela sai de casa quando os pais brigam, outra vez.

Agarra o cachorro e convida a irmã caçula para ir também.

Uma ou duas voltas no quarteirão

Quem sabe é o prazo para a brigar terminar?

Pedindo a Deus por socorro ou melhor se aulas voltar?


Casa bagunçada, vidros pelo chão 

Cada uma arruma de um lado, enquanto descansa o bicho-papão. 


Choro e sangue mais uma vez. 

Arranhões e gritos de socorro

Carros de polícia, não é novidade

Eles veem e voltam, não importa a gravidade.


Mas não vai dar nada, como sempre, ela sabe.

Alguns dias felizes, pazes feitas e promessas restauradas. 

Quando será a próxima vez, da jogada na cara?


Música alta, filmes e pipoca

Churrasco em família, com coca e farofa 

Comida amanhecida, no copo tem mosquito

Será que minha irmã também percebe que tem algo esquisito?


Ela pensa em voz alta, não é possível, de novo? 

Isso parece com um ciclo vicioso.

Vamos mana, se arrume e pega o cachorro

Pois lá vamos nós, Pfff!, de novo.


Comentários

As mais visitadas

Pra aonde ela foi?

  É estranho ás vezes sentir saudade da menina ingênua que morreu aos 30 É estranho sentir vergonha de como ela era e se portava É estranho ver toda aquela magreza e rosto que só se via dentes É estranho ver como ela se explicava e justificava. É estranho sentir alegria e pena dela É estranho saber que a vida dela iria mudar para sempre É estranho que ela pensava que estava dando a volta por cima É estranho saber que ela sorria para fotos e chorava escondida. É estranho sentir também repulsa É estranho saber que dentro dela também existia uma luta É estranho como ela ajudava quem precisava de cura É estranho saber que era ela quem precisava de ajuda. É estranho tentar resgatar um pouco dela e não conseguir É estranho não saber usar o lado bom que ela fazia sorrir É estranho querer matar quem nasceu depois dela É estranho lembrar que ela precisa esquecer ela. É estranho sentir raiva de quem ela se tornou É estranho saber que alguém a ama e ela se sente um horror É estranho os quilos...

Inquitude

  Mais uma vez aquele momento da vida: tomar decisões. Isso me tira o sono e me deixa em um grau de ansiedade muita das vezes, sufocante. De fato, para mim, tomar decisões nunca foi uma tarefa fácil, pois nunca saberei de fato qual será a consequência decorrente da determinada escolha feita. Acredito que o medo do fracasso ou do sentimento de escolha errada, revela essa angústia. Ah, mas coloque nas mãos de Deus... Se fosse algo simples, no qual eu depositasse todas as minhas aflições e acordasse com as respostas estampadas em meu nariz no dia seguinte... Oportunidades. Elas vêm e vão. Oportunidades. Buscamos e rejeitamos. Escolhas. Escolher querer ou escolher deixar passar? As decisões tomadas podem nos colocar em rumos completamente diferentes no qual estamos no estado presente, e na inquietude do tique-taque do relógio mental, reforça a voz que na cabeça assola e grita e apressa e chora, atormenta, desola, apavora. Ok, mas e agora? Brasil, 28 de julho de 2024.