Sei lá.
Acho que é egoísmo meu pensar em ter um filho para tentar fazer dele o artista que eu não fui.
E se ele não quiser? Serei eu mais uma vez a frustada da vez?
Sim, o tempo está passando.
Meus braços estão flácidos sem estrutura.
Vejo meus olhos fundos e meu bigode chinês.
Sei lá.
Será que ainda dá tempo de me tornar aquilo que eu sinto falta?
Sinto falta de ter sido o que eu não sou.
Sei lá.
É difícil aceitar que não dá para voltar ao tempo e fazer aquilo que eu queria ter feito. Aquilo que eu queria fazer.
Sei lá.
Sei que não é culpa dos meus pais.
Sei que foi apenas cuidado.
Preocuparam-se comigo se eu iria sofrer se tivesse escolhido aquele caminho.
Sei lá.
Mas sei lá.
Agora sinto vontade de ter vivido aquilo.
Por mais que eu não tivesse tanto talento assim.
Mas veja só, tem tantos sem talentos por aí.
Sei lá.
Eu não posso ouvir músicas, pois é como se fosse eu imaginado as cenas de um capítulo de livro, onde ilustra um castelo de vidro e coisas que nunca vimos.
Sei lá.
Mas sei que escrevo linhas que não serão lidas.
Sei que canto para dentro para não incomodar ninguém.
Crio músicas e histórias que ficam apenas na minha memória.
Sei lá.
Queria compartilhar. Queria que fosse notado. Que fosse admirado. Que fosse real. Que tocasse nas pessoas. Queria fazer a diferença no maior número de pessoas que eu pudesse. De alguma forma. Mas, sei lá.
De hoje: Escrito dentro do voo de Dublin para Londres, 12:15pm.
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